Li o livro “O Grande Gatsby”, romance escrito em 1925 de autoria do americano F. Scott. Fitzgerald, posicionado entre os clássicos da literatura contemporânea. Agrada-me bastante a linguagem e muitas descrições, o tom lúdico e subjetivo com que trata diversos assuntos e também a psique de seus personagens, bem como seus dramas e estruturas dentro no conto.
Entretanto, com tamanho talento narrativo, senti falta de algo mais, de um propósito. Algumas observações e trechos levaram-me a refletir sobre os valores da emergente riqueza americana, e, consequentemente, da nossa, que somos subproduto da cultura dos EUA. Achei ótimo! Apesar de a trama ser bem sustentada e justificada, é como se o livro não tivesse alma. Os personagens são sempre movidos por um impulso aparentemente impuro. Ao findar o livro, era como se todos fossem vazios.
Parece-me que dentre todos os atos praticados no livro, nenhum deles tenha sido feito verdadeiramente por amor. Amor pelo simples sentimento de desejar algo puro. Tive a sensação de que os impulsos e movimentos dos personagens foram motivados sempre por uma busca egocêntrica, tentar possuir algo. Possuir poder, possuir reconhecimento, possuir uma ou duas mulheres, possuir o amor.
Pus-me a pensar em alguma grande obra que houvesse inspirado-me e onde o personagem principal existisse para vivenciar o amor em sua essência, motivado pela grandiosidade de um nobre e grande feito, não para si apenas, mas para a humanidade, ou para alguém.
Lembrei de um filme, belíssimo e atual, que me emociona sempre. Não consigo assisti-lo sem desmaterializar. Lembro de vê-lo pela quinta ou sexta vez em companhia de minha prima e de meu pai (o cara durão), que segurou-se para não chorar, enquanto eu e ela (minha amada e heróica Martina Kunzler) ficamos em acabados. O filme é “Sete Vidas” (Seven Pounds), com Will Smith.
Não quero fazer comparações entre as obras, até porque “comparações são odiosas”. Minha percepção é que no filme, o personagem tem uma causa maior que a sua própria, e usa todo o seu talento, sensibilidade e perspicácia (divinamente abundantes em seu caráter), em prol de um ato nobilíssimo. Arrebata-me lembrar as cenas e olhares, pois para mim representam muito. O livro não é ruim, gostei de ler, é agradável. Mas o fiz a espera de redenção, de um ato maior. Ato que o filme representa com plenitude. Que venham à mim mais obras plenas e temas que possam iluminar meu espírito. Continuo na busca.