Fire Place no Habbitat – Praia Brava de Itajaí

Fire Place é o restaurante anexo ao Beach Club Habbitat, localizado no estiloso e contemporâneo reduto da costa catarinense: a Praia Brava de Itajaí. O local é fantástico nos detalhes: arquitetura arrojada e ambiente finamente preparado, desde a decoração até as cadeiras de couro marrom. Chique e minimalista.

O prato de entrada não poderia ser mais confortável: Polenta. Todos os pilares que constituem o sabor de um prato estavam em harmonia: o doce da cebola, o terroso da carne, a suavidade da polenta. Super equilibrado, nada sobressaindo.

Para acompanhar a entrada e o primeiro prato: vinho rosé do Alentejo. Cítrico na medida, cor super viva e límpida, em boca lembrando morango e frutas vermelhas. Final fresco e vibrante.

Primeiro prato com cores e texturas contrastantes. O nhoque adocicado era super macio. A lagosta com suas fibras delicadas manteve a carne tenra. O tomate estava delicioso com acidez controlada. Molho cremoso com leve toque de vermute. Um prazeroso exercício: pegar um pouco de cada elemento para compor garfadas equilibradas e complexamente saborosas. Hesitei por duas vezes em limpar o palato com o vinho depois da última bocada – desejando prolongar o gostinho.

Para os dois principais seguintes foi servido Cefiro, vinho chileno de cepa Pinot Noir. Eu amo a uva e amo o Chile, entretanto, a maioria dos Pinots do Vale do Casablanca – como neste caso – tem uma característica muito peculiar: aromas marítimos salientes. O Terroir fica extremamente próximo às encostas do Pacífico. As uvas recebem maresia intensa durante à noite e um fortíssimo sol durante o dia. Como resultado, em nariz percebe-se um aroma calcário, que lembra cascas de conchas e a beira do mar. À mim não agrada, juntamente com a mineralidade quase salgada que apresenta em boca. De qualquer forma, os Pinots do Casablanca são reconhecidos mundialmente por seu teor exótico em reunir estas características. Vinho é muito pessoal, meu paladar elege frutas e características terrosas em harmonia; não me encanta a salinidade marinha na taça.

O segundo principal era poesia contemporânea visual. Filé derretendo e com pimenta bem acertada, combinações agridoces nos acompanhamentos. Purê de cenoura delicado e levemente condimentado, textura amanteigada. Cogumelos perfeitos, textura firme e macia, finamente preparados. Molho de ostras trazendo um toque exótico. Uma verdadeira sinfonia.

Depois disso não me contive e pedi para espiar o chef paulista Gabriel Aguilar, o responsável por esse disparate gastronômico cometido contra minhas papilas gustativas. O cara realmente sabe o que está fazendo. Para mim, foi uma experiência surreal. Fiz alguns flagras da finalização do último ato salgado da noite e voltei correndo para mesa.

Seguimos caminho com o último principal: os legumes glaceados no mel trufado estavam adocicados e perfumados na medida. Ressalto sua textura: nada muito cozido, todos Al dente e macios. A manteiga de foie estava um espetáculo! Creio que por conta da textura expandida que lembrava um mousse, o sabor da iguaria inventada na França fora potencializada muitas vezes. Simplesmente explodia na boca. O cordeiro estava macio e perfeito, porém fora toda a harmonia do prato o verdadeiro astro. A última garfada veio com um misto de gozo e pesar, pois não é sempre que temos uma experiência genuína como a aqui apresentada.

A sobremesa estava finamente preparada como todo decorrer da noite. O biscuit de chocolate com avelã derretia na boca, o caramelo no recheio era uma delícia. Textura amanteigada como uma trufa de chocolate. O cremoso simplesmente desaparecia sobre a língua com sua delicadeza aerada. O sorvete de leite desmaterializava e a flor de sal quebrava a doçura me fazendo salivar de tempos em tempos.

É difícil colocar em palavras tantas sensações distintas dispostas em tamanha harmonia. Sobrou apenas um enorme gostinho de quero mais.

www.habbitat.com.br/fireplace

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