Aldo’s Vinoteca Bistrô – Buenos Aires
No tradicional bairro de San Telmo, em Buenos Aires, a experiência gastronômica se reinventa. Quem se encarrega de arrancar suspiros nas mesas do Aldo’s é um homem pequeno na estatura, com um sorriso tímido e gestos singelos. Entretanto, toda vez que ele cruzava as portas da cozinha adentrando o salão com uma de suas criações em mãos, sentíamos como pequeninas criaturas que ainda não sabem nada sobre obras de arte para admirar e saborear.
Maximiliano Matsumoto é o nome da fera, chef de responsa.
“Sentimos como se as nossas verdades desmoronassem diante dos nossos olhos e fossem recriadas”. Esta frase é uma das muitas de Bruna Góes, que esteve presente no jantar e fez cometários imperdíveis sobre o que se passou na emocionante noite. Mais de suas observações, você lê citadas abaixo.
O ambiente é super contemporâneo e romântico, com cores quentes, luz subjetiva. Os garçons extremamente bem treinados e amabilíssimos fizeram a sinfonia por nós experimentada ter acordes ainda refinados.
Fomos agraciados com sete pérolas que inundavam todos os sentidos. A comida é muito confortável e fácil de apreciar. Riquíssimas em sabor, delicadas na apresentação e surpreendentes na textura. Os pratos eram tão perfumados que os aromas vinham facilmente captar toda nossa atenção quando pousados à mesa.
Vamos aos passos desta noite de 18 de maio de 2016.
Variedade de tomates orgânicos, com emulsão de queijo de cabra, azeitonas desidratadas e azeite de oliva de alfavaca. Muito refrescante. Os tomates doces, deliciosos, faziam parceria perfeita com os temperos.
Camarão de Rivadavia sobre creme de aipo, maçã verde e azeite de aipo. Textura fantástica do camarão, desmanchando na boca como manteiga, o sabor do creme de aipo era delicado, harmonizando perfeitamente com o crustáceo. Harmonizado com Torrontés de Salta, fresco, jovem, acidez crocante e aromas florais.
Bochechas de vaca sobre purê de cogumelos e calda de cogumelos, coberto com fatias de cogumelos e uma mini folha de alface temperada. O perfume desse prato era incrível, os sabores terrosos do cogumelo invadiam os sentidos e a bochecha da vaca se desmanchava; como aquela costela que passou o dia na brasa. A textura lembrava levemente foie gras, mas permanecendo mesmo a textura da carne. Harmonizando com um vinho Torrontés de Salta, envelhecido em barricas de carvalho. Maravilhoso, único, com seu toque licoroso que fazia o duo perfeito para o prato.
“Quando o chef sai por aquela porta ali, nós temos palpitações, estamos suando frio aqui na cadeira”.
Polenta de milho branco, de Córdoba. Com gema de ovo do campo orgânica, creme de milho amarelo, com queijo azul, milho crocante e uma folha crocante que é da família do repolho. O vinho permaneceu o Torrontés envelhecido em carvalho, caiu muito bem com a polenta. “É como se fosse a primeira vez. Por mais que você já tenha comigo polenta e ovo, esqueça, você não sabe de nada… polenta e ovos serão reapresentados para você na vida”.
Linguado com cogumelos Shiitake, molho dashi – estilo japonês – e Pak Choi – acelga chinesa. “Esse peixe que veio agora, na verdade está tão lindo, que estou com pena de comer. É uma obra de arte esse prato”. Foi harmonizado com um pinot noir fresco e levemente envelhecido. O vinho ressaltou a textura e o perfume aveludado da superfície do cogumelo. Maestria.
“Ele está nos deixando ansiosos, por quê? Ele deixou escolhermos os pratos? Não… Ele está fazendo um jogo com o nosso psicológico”.
Cabrito Patagônico com pasta de uvas passas, purê, alho poró grelhado com molho a base de rabo e pimentas. Harmonizado com malbec fantástico, a carne estava crocante por fora e macia por dentro. Apesar das fibras longas, ela desmanchava na boca e a mistura de sabores era única. O alho poró com puré fez uma bela parceria no equilíbrio do prato e os molhos complementavam perfeitamente.
Parfait de ervas, merengue de ervas, laranja e azeite de menta. Esta obra de arte também era música para as papilas gustativas.
E como se não bastasse tudo isso, ainda veio uma segunda sobremesa, de arroz doce e merengue servido dentro de uma casca de laranja. Simplesmente o melhor arroz doce da minha vida.
Tudo isso foi uma provação, provocação – atiçando todos os sentidos. Depois, quando achávamos ter atingido o auge, o próprio Aldo veio nos cumprimentar, perguntar se havíamos sido bem recebidos e bater uma foto com as convidadas Bruna Góes e Carol Sasson. Até tentei expressar o que é comer aqui, experienciar aqui – no salão do Aldo’s – mas isso ai, pessoal, só indo pessoalmente para descobrir.
Moreno 372, CABA, Buenos Aires, Argentina / (+5411) 4334-2380 – 4343-0823
aldosvinoteca.com